Paulo Megamass
Sentiu uma leve dor nos braços. Nada disse, continuou seu trabalho. Há dois meses se curara, não podia ceder. Eram nove horas. Exatamente nove horas. Olhou a mesa. Muitos documentos. Não podia parar, mesmo com o desconforto. Lembrou-se de que tinha um remédio na gaveta. Abriu-a. Não o achou. A dor aumentara. Talvez, movimentá-los ajudaria. Ergueu-os, flexionou-os por várias vezes. Nada. A dor realmente aumentara. Google: "Dor Lancinante nos Braços". Infarto, Tendinite, Fibromialgia, Contratura. Nenhum diagnóstico. Deita-se no sofá da ante-sala. Estava só. Seus olhos procuravam em que se fixar. O incessante movimento do velho ventilador, a pliha de pastas sobre a mesa, os livros que nunca lera na estante. Desavisado, espia o porta-retrato. O mesmo sorrisso de todas as fotografias, a mesma expressão e o costumeiro olhar de quem luta para não fechar os olhos ao disparar do flash da câmera. Todavia, uma ausência o assombra: Seus braços. Não os vê em sua foto.
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