Mergulhos

Author: Kalós Agathós /

Autor: Dentinho

Mergulho                                                                                                 nulo
                  ulho                  julho                     casulo                   pulo
                              ulho                                                    ulo

Mergulhos

Author: Kalós Agathós /

      Autor: Paulo Ganso


         Mergulho
          o olho
          no escuro

          Voo
          a dança
          do futuro

          O que serei
          depois
          de mim?

Vê se cabe no onoma

Author: Kalós Agathós /



Autor: Cirilo

As disposições legais a respeito dos temas e subtemas estratégicos dessa alçada de voo literário vão-se ficando claras, e aqui faço também pequenas sugestões sem grandes pretensões mas que evitariam tanto desconfortos abdominais como clericais. O uso da palavra "veludo" poderia ser evitado apenas por precaução, assim como "algodão". Só de pensar nessas palavras sendo mastigadas com os dentes causa arrepio. "Arrepio" pode.
Fuga de temas como fuga e/ou tema de fugas com tema deveriam ser levados em consideração frente à necessidade de invadir mais pausadamente e até in allegro as normas benguels vigentes e visigodas. Por medida de contensão fica restrito, por normas benguels internacionais, a apenas meia dúzia de toalhas e retentores Sabó, aquele que te dá um nó. Ovos de codornas liberados. Ah, lembrei, esquilo não pode.Aquilo pode. Esquivo não deve. Quem não deve não teme, por exemplo, é de uso convencional, portanto, restrito à situações onde não há qualquer outra saída silábica.
Palavras de caráter sexual como morango, avestruz, tanque, pernóstico, usar somente no sentido lateral da palavra. Palavras que associem o uso de drogas, como pamonha, lamparina, carrapato, chulé, são proscritas. Eu, por iniciativa própria e razões pessoais não usarei formações rochosas ou códigos com bilboquê ou bibloquê, pipoca doce, pastachuta e cheiro verde. Fica aí ao seu critério e muito me agradaria a sua compreensão nessa tão difícil vernacularidade. Feitos esses adendos vou ao banheiro:
 - despejar o barro
 - enforcar o mulato
 - passar um fax
 - chapiscar o vaso
 - lançar a massa
 - liquidar a pressão

Nua Lua

Author: Kalós Agathós /


Autor: Glauceste Satúrnio

Ela desperta nua, aos solavancos, desviando-se das lâminas de sol no travesseiro:
 - Como é passear nas nuvens?
 Ele traz o café:
 - Nada foi resolvido, além de tudo, sinto uma fraqueza em reverter meus pontos cardeais. Quer uma xícara?
 Ela gira, gira a colherzinha...
 - Que horas são?
 - Três.
 - A vida anda escondida de mim...
 - Vou fazer caretas na esquina.
 Ela põe o vestido amarelo e prende o cabelo:
 - Hoje eu sou parafuso.
 - Então vamos. Tentar entender a lua é coisa pra lunático.

Conto reconto desconto

Author: Kalós Agathós /

Autor: Paulo Leminsky

Numa rua sem números, um menino sem nome caminha numa data incerta. Pára! Errei.
Numa rua sem menino, numa data incerta, um sem nome caminha. Errei. Pára.
Caminha um nome numa rua sem data. Pára! - Errei? Incerta, sem números.
Errei numa rua sem número. Pára numa data incerta, ó menino.

Ismália sem complexo

Author: Kalós Agathós /

Autor: Anacleto Bianchi

Ô Ismália, desce daí !
O Marcel falou que vem
A Silmara já chegou
Vamos fazer festa
Tira essa fantasia de anjo
E dá um mergulho no aquífero:
Esfriar a cabeça
Depois a gente toma uma na esquina
Faz uma roda de samba
E deixa a noite entrar

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